BEM – VINDO
O objectivo deste blog é duplo, dar a conhecer Pereiros de Ansiães, a sua história, a sua paisagem, o seu património e as suas tradições; é também uma forma de fazer aquilo que eu gosto, de partilhar emoções e memórias.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Memórias Paroquiais da Freguesia de Pereiros de 1758 - 4

Questões 15,16,17,20 e 21



15 - Os frutos que os moradores da terra recolhem em mayor abundancia, hé pam centeyo; mas ainda nam chega para o gasto da mesma terra e algum vinho, cevada em abundancia.

16 - Esta sujeita ao juis ordinário da villa de Freixiel por do seu termo e concelho, que também tem camera.

17 - He terra do Senhor infante Dom Pedro e o mesmo Serenissimo Senhor pedimos justiças da dita terra.

20 - Por não  ter correyo, se serve do correyo da villa de Carrazeda de Ansiaens que dista della legoa e meya.

21 - Fica distante da cidade de Braga vinte e duas legoas que hé do seu Arcebispado; e da cidade de Lisboa de sesenta e duas legoas


domingo, 9 de novembro de 2014

Memórias Paroquiais da Freguesia de Pereiros de 1758 - 3

Questões 7, 8, 9 e 13



7 - Santo Amaro he o seu orago; e tem a igreja matriz tres altares, hum o altar mor que está na capella mayor, aonde esta colocado o Santíssimo Sacramento, e dois altares colaterais munto semelhantes ao pé do arco da igreja, em hum esta a imagem perfeitíssima de nossa senhora do Rosário, e em outro; esta hum Santo Cristo que faz muntos milagres, e he imagem tambem perfeitíssima.
 
8 - O parocho della he vigario que representa o venerando Balio Comendador de Poyares Frey Joze Telles; e renderá a dita igreja oitenta mil reis pouco mais ou menos.
 
13 - 9 - Tem huma ermida no fim da povoacam para a parte do poente, a qual hé de Santo André, feita de bonna cantaria, he sujeita á mesma igreja; e como lugar de Codesais tem outra capella ou ermida da Senhora da Comceipçam, que tem sua irmandade e romagem a que acode munta gente principalmente no seu dia, e no dia 19 de Agosto em que se faz anniversario.
 
 
Nota: Chamava-se Baylias ou Balias às principais comendas, designadamente nas ordens militares do Hospital ou de Malta; na ordem dos Templários mais tarde de Cristo. Balio - Assim se designava o comendador destas ordens.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Memórias Paroquiais da Freguesia de Pereiros de 1758 - 2

Memórias Paroquiais da Freguesia de Pereiros de 1758 - Questões 4,5 e 6



4- Acha-se situada em as fraldas de huma serra chamada o Castello de Pereiros, e sem ser artemanufacto, so sim ser hum pinhasco tam levantado, que do alto delle athe o rio Tua aonde principia a dita serra he huma grande legoa que tudo quasi consta de pinhascos, e terra munto fragada, e desta povoacam se veem muntas terras, huma o Navalho lugar que fica distante da mesma povoacam duas légoas, a villa de Lamas de Orilham; e do dito Castello e alto da dita serra se descobre a maior parte da provincia de Tras os Montes, parte da Beira, Minho e ainda terras de Espanha.
 
5- He termo da villa de Freixiel; tem um lugar que se chama Codesais que hé desta mesma freguesia que tem quarenta vezinhos que ficam metidos no mesmo numero de cima.
 
6- Está a parochia e igreja matriz dentro do dito lugar de Pereiros, no meio delle, mas de lado para a parte do Sul,  até o lugar de Codesais hé sujeito a ella.
 
 
 
 
Nota: artemanufacto - construído
           vezinhos - moradores
           legoa - légua - 5 km
           povoacam - povoação
           Lamas de Orilham - Lamas de Orelhão, vila e concelho.
 
Nota: "de lado para a parte do sul" (...) As igrejas cristãs têm, por razões litúrgicas, simbólicas, a capela mor voltada a sul, a nascente. É aí que deve estar o sacrário, o corpo de Cristo. Esta colocação favorece ou desfavorece, do ponto de vista arquitetónico, a igreja! No caso de Pereiros favorece, a fachada monumental fica virada a poente de frente para a aldeia e o Castelo. Por exemplo em Zedes é o contrário. 
 
 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Infante D. Pedro III


 Memórias paroquiais da freguesia de Pereiros  de 1758

Nota: resposta ao inquérito - 2 - "Sereníssimo Senhor dom Pedro Infante de Portugal..."




Dom Pedro III
 
D. Pedro III de Portugal (nome completo: Pedro Clemente Francisco José António de Bragança; 5 de Julho de 1717 — 25 de Maio de 1786), Infante de Portugal, Senhor do Infantado, Grão-Prior do Crato, Duque de Beja, posteriormente Príncipe consorte do Brasil e Rei de Portugal de jure uxoris, foi o quarto filho do rei D. João V e da rainha D. Maria Ana.
D. Pedro era assim irmão de D. José I. Em 6 de Junho de 1760 casou-se com a sobrinha e herdeira da coroa D. Maria Francisca. Com a subida da mulher ao trono em 1777 tornou-se rei consorte de Portugal sendo cognominado "O Capacidónio" pela maneira como se referia a várias pessoas ou "O Sacristão" pelo seu fervor religioso ou ainda "O Edificador" pela sua iniciativa de edificar o Palácio de Queluz.
Pedro foi uma figura neutra da política e alheou-se sempre dos aspectos governativos.










Nota - Grão-Prior do Crato -  A Ordem dos Hospitalários ou de Malta  tinha a sua sede em Portugal na vila do Crato (Mosteiro da Flor da Rosa). Ser Prior do Crato era ser Prior da Ordem dos Hospitalários ou de Malta. (A a sua sede principal era na ilha de Malta.)
 
Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta





A rainha D. Maria I e o rei D. Pedro III de Portugal.



Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.




Memórias paroquiais da freguesia de Pereiros de 1758 - 1


Memórias paroquiais da freguesia de Pereiros de 1758 -  Questões 1, 2 e 3



 
Pereiros
 
Freguesia de Santo Amaro da sagrada religião de Malta
 
 
1. Fica esta freguesia em a província de traz dos montes do Arcebispado de Braga primaz, Comarca de Torre de Moncorvo, e concelho da villa de Freixiel.
 
2.  Hé esta terra donataria e o senhor della he o Sereníssimo Senhor dom Pedro infante de Portugal que Deus guarde por muitos e felizes anos.
 
3. Tem esta freguesia cento e doze vezinhos e he o numero das pessoas de Sacramento duzentas e outenta e duas; e o numero de meninos e meninas chegaram pouco mais ou menos a setenta.

 
 
 
 
 
 



Memórias Paroquiais de 1758





MEMÓRIAS PAROQUIAIS DE 1758   



Um aviso de 18 de Janeiro de 1758 do Secretário de Estado dos Negócios do Reino, Sebastião José de Carvalho e Melo, fazia remeter, através dos principais prelados, e para todos os párocos do reino, os interrogatórios sobre as paróquias e povoações pedindo as suas descrições geográficas, demográficas, históricas, económicas, e administrativas, para além da questão dos estragos provocados pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755. As respostas deveriam ser remetidas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino.

As respostas ao inquérito terão sido levadas para a Casa de Nossa Senhora das Necessidades, em Lisboa, da Congregação do Oratório, para serem trabalhadas pelo Padre Luís Cardoso (?-1769). O ex-libris existente na maioria dos volumes confirma esta custódia. O índice terá sido elaborado ou concluído no ano de 1832, data que apresenta. Passaram depois para a Biblioteca da Ajuda depois da extinção das ordens religiosas, seguindo para o Depósito Geral das Livrarias, no antigo Convento de São Francisco da Cidade, e daí para a Torre do Tombo entre os anos de 1836 e 1838.

As datas desta história custodial são incertas, mas encontra-se registado em livro do Ministério do Reino o ofício de 17 de Março de 1843, de D. Manuel de Portugal e Castro (vedor da Casa Real) reclamando como pertencentes à Biblioteca Real os 44 volumes que formam a coleção dos apontamentos para o dicionário geográfico de Portugal, reunidos pelo Pe. Luís Cardoso. Na sequência, surge a Portaria de 21 de Março de 1843 do Ministério do Reino para a Torre do Tombo, inquirindo sobre a existência dessa coleção neste arquivo, para onde tinha sido conduzida pelo Dr. António Nunes de Carvalho (guarda-mor da Torre do Tombo entre 1836 e 1838), retirando-a do Depósito Geral das Livrarias dos extintos conventos. A resposta dada pela Torre do Tombo, a 27 de Março do mesmo ano, confirmou a existência dessa coleção, referindo que não devia sair do arquivo, porque não era propriedade particular, mas sim o resultado de uma diligência que o Governo mandara fazer.



Âmbito e conteúdo
 


Esta coleção é constituída pelas respostas elaboradas pelos párocos ao interrogatório, através do qual se pretendia obter informações sobre as paróquias, abrangendo a totalidade do território continental português. Apesar de a exaustividade das respostas não ser constante, apresentam-se, na generalidade, de forma sequencial aos pontos do interrogatório (que está dividido em três partes relativas à localidade em si, à serra, e ao rio) fornecendo dados de carácter geográfico (localização, relevo, distâncias), administrativo (comarca, concelho, dimensão, e confrontações), e demográfico (número de habitantes), sendo possível obter informações sobre a estrutura eclesiástica e vivência religiosa (orago, benefícios, conventos, igrejas, ermidas, imagens milagrosas, romarias), a assistência social (hospitais, misericórdias, irmandades), as principais atividades económicas (agrícola, mineira, pecuária, feira), a organização judicial (comarca, juiz), as comunicações existentes (correio, pontes, portos marítimos e fluviais), a estrutura defensiva (fortificações, castelos ou torres), os recursos hídricos (rios, lagoas, fontes), outras informações consideradas assinaláveis (pessoas ilustres, privilégios, antiguidades), e quais os danos provocados pelo terramoto de 1755.



Instrumentos de pesquisa


ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000-. Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em atualização permanente.

O título da coleção "Memórias Paroquiais" é um título consagrado pelo uso, e surge na maioria das monografias que utilizam ou transcrevem documentos desta coleção. No entanto, os volumes que constituem a coleção apresentam na lombada a designação de "Dicionário geográfico de Portugal" e o vol. 44 apresenta na página de rosto "Índice geográfico das cidades, vilas e paróquias de Portugal conteudas nos 43 volumes manuscritos do Dicionário Geográfico existente na Biblioteca das Senhora das Necessidades". Os autores Fernando Portugal e Alfredo de Matos (In: Lisboa em 1758. Lisboa: [s.n.], 1974. p. 13) consideram que é um erro chamar-se Dicionário Geográfico de Portugal às Memórias Paroquiais, uma vez que as respostas dos párocos utilizadas para a elaboração do Dicionário Geográfico do Padre Luís Cardoso foram destruídas pelo terramoto de 1755.


NOTA: Na paróquia de Pereiros as respostas ao inquérito das Memórias Paroquiais de 1758 foram dadas pelo vigário António Lopes Teixeira tendo como testemunhas André e Rafael Pinto Trigo aos 25 dias do mês de Março deste mesmo ano.

Estas memórias vão ser publicadas por partes, o texto original e a respetiva tradução em português moderno. Estas memórias são uma excelente síntese da vida das paróquias daquela época.